"Reflexão da Lua": a caligrafia árabe e o espírito do Ramadan

Reflexão da Lua, 2013. Instalação do artista Mattar Bin Lahej
Imagem: Gulf News
O artista Mattar Bin Lahej dos  Emirados Árabes, incorporou o espírito do Ramadan através de uma série de esculturas  inspirada nas diferentes fases da lua que está atualmente em exibição no Dubai Mall. Conhecido por seu talento em pintura, escultura e fotografia, Bin Lahej criou a série "Reflexão da Lua" em puro aço inoxidável com cerca de 1200 letras árabes, mostrando as diferentes fases da lua durante o mês. A beleza do trabalho advém da caligrafia árabe da Surat Al Ikhlas, um dos capítulos do Alcorão, usado mais de 10 vezes nesta obra de arte.
Segundo o artista  "[essa série] pode ser descrita como uma explosão de caligrafia artística. Eu queria fazer algo muito especial e que encantasse as pessoas simplesmente ao ser vista de longe. Eu sempre tento fazer o melhor com ideias que tenham um significado específico e criar uma reação no espectador. A ideia por trás da 'Reflexão da Lua' pode ser associada a vida tipica de um muçulmano durante o Ramadan.  Os círculos enfatizam a lua e as letras em seu interior indicam o que a pessoa faz durante o Ramadan. No Ramadan, as pessoas sempre tentam purificar a si mesmas de quaisquer pecados lendo o Alcorão e então as diferentes fases da lua - mudando de minguante para cheia e depois para minguante de novo - indicam o movimento espiritual." 
Bin Lahej também pontuou a razão pela qual ele fez as primeiras fases da lua em prata e bronze e a última fase em ouro: “[porque] o ouro é o prêmio ou recompensa de Deus e isto marca o final do Ramadan e começo do Eid”.
O artista se tornou conhecido  internacionalmente por suas esculturas usando metal e também por muitas de suas pinturas. Ele diz:  "Eu nunca deixo nada atrapalhar o meu caminho. Eu trabalho comigo mesmo, sempre confiando em meus conhecimentos e com o tempo isto começou a ganhar atenção nos Emirados, e então houve uma grande explosão em minha vida artística. Eu comecei a conhecer que tipo de obra de arte eu quero fazer..."
Bin Lahej é dono de sua própria galeria, a Marsam Mattar, que fornece serviços artísticos e treina jovens talentos todo ano. Sobre esses projetos ele conclui: “A arte é algo como integrar todas as pessoas e não apenas alcançar um público específico. Meu objetivo é alcançar a todos e eu gosto que meu trabalho fale por ele mesmo".

Mattar Bin Lahej e sua obra. Imagem: The National
Imagem: The National
Imagem:  The Dubai Mall
Imagem:  The Dubai Mall
Imagem:  The Dubai Mall
Baseado em Gulf News

Parviz Tanavoli, "Nada"

Escultura em bronze com base em madeira criada pelo artista iraniano Parviz Tanavoli em 1972, com a caligrafia persa da palavra "Nada" (Hîch). Atualmente em exibição na exposição Iran Modern, em Nova York, que abrange a arte criada no Irã durante as três  décadas que antecedem a revolução de 1979. 

Imagem do site: Asia Society

Hossein Valamanesh

Hossein Valamesh  (imagem: News.com.au)
Hossein Valamanesh nasceu em Teerã no Irã (1949), onde se formou em artes-cênicas e pintura em miniatura. Emigrou para a Australia nos anos 70 onde atualmente vive na cidade de Adelaide, com sua esposa a ceramista Angela Valamanesh e seu filho, o cineasta Nassiem Valamanesh. Os trabalhos de Hossein Valamanesh se encontram em todas as  coleções de museus proeminentes da Austrália. 
Seu trabalho consiste na junção de instalações multi-mídia com escultura, vídeo, pintura e desenho. Algumas de suas  suas esculturas em bronze são feitas a partir da modelagem de galhos de seu próprio jardim criando elementos variados como citações famosas de poetas Sufi. Além de combinar natureza com cultura, ele homenageia estes poetas místicos, cujas ideias de efemeridade da existência influenciam seu trabalho. 

Isto também passará, 2012. Bronze 70cm
Não diga nada, 2004. Bronze, 55x44 cm
De onde eu vim?, 2013. Mapa s/ cartão  70x168 cm 
Aprendendo a ler (detalhe do díptico),  1995. Aquarela s/ papel, 185.5x 148.5 cm 
Alguma coisa do Nada, 2009. Papel, 79x79 cm
Sangue da Vida /7, 2012. Nanquim s/ papel (4 partes), 133x133 cm
Grande Amor / 2, 2008. Açafrão s/ papel (4 partes), 133x133 cm

Imagens do site: Rose Issa Art Projects

Caligrafia Árabe moderna sobre tela

Neste vídeo, um artista do Reino Unido executa uma basmala em estilo livre sobre uma tela, utilizando uma caneta especial recarregável  na cor preta que permite traços de várias espessuras e uma fluidez incrível. 


Salva Rasool: caligrafia árabe com toque indiano

Salva Rasool
A artista Salva Rasool é respeitada tanto por seus trabalhos em arte contemporânea quanto por sua obra original em caligrafia árabe com um toque indiano. Ela se formou na prestigiada Escola de Artes Sir JJ (Bombaim) em 1985 e segue com seu incansável trabalho experimental até hoje. Constantemente inovando e experimentando com uma infinidade de cores, estilos, texturas, técnicas e ferramentas customizadas, ela utiliza materiais não convencionais em suas pinturas como terracota, cerâmica, couro, metal, tecido, pérolas e muito mais. Atualmente, ela trabalha em conjunto com vários designers de interiores e jóias.






Imagens do site: DNA India

Hassan Massoudy, "Paz"

Compartilho aqui uma belíssima ilustração feita pelo artista iraquiano Hassan Massoudy.

 Hassan Massoudy, Paz, s.d. Imagem do blog iheartmyart

A Arte de Abd A. Masoud

Abd A. Masoud. Foto do Twitter
O trabalho do artista jordaniano de origem vienense Abd A. Masoud consiste em uma  reformulação da caligrafia árabe, combinada com ornamentos e símbolos, criando uma pintura não-figurativa. A fim de tornar essa forma de escrita mais atraente para o "espectador que não fala árabe", o artista deliberadamente evita os principais critérios tradicionais da caligrafia (fundo branco e letras pretas).
Masoud apresenta em cada uma de suas pinturas através dos diferentes estilos de escrita, novas formas e efeitos, com possibilidades inesgotáveis ​​de suas ferramentas artísticas. Uma outra marca registrada do artista é traçar uma leve forma de cruz de cor branca pálida no centro de cada tela. Com esse recurso ele tenta aludir a estrutura de uma janela, ou também a marcas de dobradura em um antigo documento, brincando com  elementos místicos e pérolas de sabedoria do passado. Todas as pinturas são assinadas com uma espécie de carimbo retangular, de cor vermelho escura, onde o artista escreve o seu nome em árabe da direita para a esquerda. O letreiro do carimbo aparece como uma imagem espelhada.
Masoud não renuncia a cor dourada, que é usada tradicionalmente na caligrafia árabe para embelezar e decorar. Ele usa o ouro muito discretamente para realçar as superfícies de certos objetos e dar-lhes uma aura especial.  Há mais de 1350 anos, o "ponto" desempenha uma função importante na caligrafia árabe e a ele é atribuído até um valor místico.Para o artista, o ponto sempre foi um elemento essencial em suas composições e  uma parte de seu trabalho. Através de uma cor contrastante, ele enfatiza a importância desse elemento.

O trabalho de Masoud, tem como principais referências antigos manuscritos árabes e mapas. Sem necessidade de se restringir à caligrafia tradicional o artista se sente livre para de recriar e reinterpretar esses documentos antigos e converter seus pensamentos para o resultado final na tela. O resultado é uma harmonia única através de sua combinação de cores, texturas, padrões, simbolismos e os vários  estilos caligráficos que são melhor apresentados através de seu lema inspirador: "caligrafia árabe com uma diferença". Uma forma de arte que tem o poder de unificar a diversidade linguística e convertê-la em uma linguagem pictórica universal.

De volta às origens, s.d