Saleh Al-Shukhairi: caligrafia árabe experimental

Saleh Al Shukhairi, Omã
O artista Saleh Al Shukairi nasceu em 1977 em Mascate, Omã e estuda a caligrafia árabe desde 1993. Membro da Omani Arts Association, Al Shukairi com alguns anos de prática e experiência, entrou oficialmente para o cenário das artes com sua primeira exposição em 1997. Naquele mesmo ano, ele começou a desenvolver um estilo moderno da caligrafia árabe. Seu trabalho abrange desde a caligrafia clássica ao abstracionismo contemporâneo experimentando com materiais, cores e técnicas variadas. 
“Comecei usando as 28 letras do alfabeto árabe de um modo que ninguém pudesse ler exceto eu. Com o tempo decidi apresentar meu trabalho de forma que permitisse ao observador encontrar uma mensagem e se identificar com minhas pinturas. Meu objetivo é provar que as letras árabes podem expressar emoções". 
Com planos de lançar livros sobre a caligrafia árabe e a arte contemporânea no Omã, Al Shukairi se esforça em desenvolver seus conhecimentos e espera um dia se tornar um dos maiores calígrafos da região. A seguir, a tradução de uma entrevista do artista para o site Khaleejesque, onde ele explica seu trabalho:

Da série Esheq ("Amor")
O que te chama mais a atenção na caligrafia árabe?

A caligrafia árabe é nossa história e tesouro. As letras árabes são sempre dinâmicas em suas formas e linhas podem ser usadas para criar incontáveis composições Ás vezes eu me surpreendo quando surge uma nova ideia ou obra de arte, com quantas formas as letras podem ser usadas e eu adoro especialmente a letra waw (و) em minhas composições.

Como você está fazendo a caligrafia árabe mais contemporânea?
Usando telas e cores modernas, eu estou fazendo a caligrafia árabe mais contemporânea por usar as mesmas formas e os mesmos métodos, porém de um modo não tradicional.

O que você gostaria de refletir por meio de seu trabalho?
Eu gostaria de mostrar como a caligrafia árabe pode faclmente confundir o público que vê meus trabalhos pela primeira vez. Quando focado na harmonia visual das letras ao invés de seu contéudo, é difícil fazer sentido para as pessoas. Eu não sei se essa confusão é saudável ou não mas eu gosto do fato de isto ser livremente empregado e mostrado para o público.

Qual é a sua obra favorita?
A série “Esheq” qeu eu fiz specialmente pelo “Amor & Paz” no mundo. Eu quis mostrar  que o amor e a paz são tudo que o mundo precisa.

Qual é a principal diferença entre a arte da caligrafia árabe, turca e iraniana? Qual delas você prefere?
Eu gosto de todos os estilos de caligrafia árabe. Todos eles tem sua própria história, pioneiros e fundadores. Eu respeito a todos elas mas os estilos que eu mais gosto de usar em meus trabalhos são o “Thuluth” e o “Farsi”.







(Baseado em Khaleejesque e The Ara Gallery)

Julien Breton: Caligrafia Árabe com a luz


O artista francês Julien Breton e o fotógrafo David Gallard fizeram em parceria, uma elegante série de caligrafia árabe com a luz. Com Gallard por trás da câmera controlando o tempo de exposição, Breton desenha suas caligrafias utilizando bastões de luz.
Através deste trabalho, Breton procura criar uma “ponte semântica entre a cultura árabe e a ocidental", e através de sua arte criar uma “ linguagem universal” que transcende as palavras. Sintetizando a cultura árabe e as técnicas ocidentais, ele cria um novo modo de compreender esses dois mundos.






>> Veja um vídeo do artista e do fotógrafo trabalhando juntos:


Imagens do siteDesign TAXI

Mohamed Zakariya, um mestre calígrafo norte-americano


Mohamed Zakariya, nasceu em 1942 em Ventura na Califórnia, e é atualmente conhecido como um mestre norte-americano da caligrafia árabe. Ele provavelmente ficou conhecido após criar e lançar um famoso selo comemorativo da data islâmica do Eid nos EUA em 2001 (8 dias antes do 11 de setembro). Na sua juventude na Califórnia, Zakariya estudou engenharia aerospacial, no entanto uma viagem ao Marrocos mudaria sua vida e o futuro de sua carreira para sempre. O fascíncio pela religião, língua e cultura que ele encontrou naquele país, o levou a estudar e posteriormente se converter ao islamismo. No entanto, o gosto pela caligrafia árabe já havia se manifestado muito mais cedo, quando ele era criança em Santa Monica e viu pela primeira vez uma caligrafia árabe pendurada na parede de uma loja de tapetes armênia.
Muitos anos depois, Zakariya viajou pelo mundo islâmico, fazendo paradas no Egito, Argélia e Turquia onde estudou a arte da caligrafia islâmica. De volta aos EUA, Zakariya foi convidado pelo curador da Freer Gallery em Washington D.C.para retornar a Turquia e estudar com um dos maiores mestres de lá. Em 1984, ele teve a chance de estudar junto com o renomado mestre  caligrafo Hasan Celebi em Istambul, uma oferta que ele aceitou prontamente. Em 1988, Celebi formou Zakariya como mestre calígrafo e o premiou com um diploma avançado, o  "icazet" nos estilos thuluth e naskh  em uma cerimônia em Istambul. Em 1997, ele recebeu o "icazet"  no estilo taliq de outro mestre calígrafo turco, o Dr. Ali Alparslan.
Atualmente, Zakariya continua a exercer sua arte nos EUA, onde ele ensina em sua própria escola e regularmente faz exposições e workshops por todo país. Ele emprega métodos antigos para fazer suas próprias ferramentas, o papel ebru (marmorizado) e até mesmo sua própria tinta. Nas palavras do artista: “A tinta é o grande problema. Esse é o fluido, o sangue da caligrafia e tem que ser ideal. Fiz uma tinta, modifiquei tintas comerciais, fiz tudo isso e tivemos tintas que eram um problema. Agora tenho uma que funciona e permite um fluxo completamente natural. É uma revolução completa”.
Zakariya e suas obras foram apresentados no premiado documentário "Muhammad: O legado de um Profeta" (2002), produzido pela Unity Productions Foundation. Atualmente ele é considerado o embaixador da caligráfia islâmica na América. 

O mestre Hasan Celebi e  Mohamed Zakariya
Selo comemorativo do Eid , 2001
Obras de Bondade,  estilo Celi Sulus*
Não há divindade senão Deus, estilo Celi Sulus 
Lamento por um Gato Morto, estilo Talik  com borda em papel Ebru 
No Céu, estilo Celi Talik com borda em papel  Ebru 
Majnun, estilo Talik com borda em papel Ebru
Se as Mulheres são como a Lua, em estilo Talik 
Al Imran, estilo  Sulus com borda em papel Ebru
Esperando Ansiosamente, estilo  Celi Sulus 
Instalação em estilo Celi Sulus; Ouro e  Guache s/ tecido
* Nomenclaturas dos estilos em turco: Celi (Jali); Sulus (Thuluth); Talik (Taliq)

Site do Artista :Zakariya Calligraphy

Sites consultados: Aasil Ahmad website | Euronews | Wikipedia 

"Reflexão da Lua": a caligrafia árabe e o espírito do Ramadan

Reflexão da Lua, 2013. Instalação do artista Mattar Bin Lahej
Imagem: Gulf News
O artista Mattar Bin Lahej dos  Emirados Árabes, incorporou o espírito do Ramadan através de uma série de esculturas  inspirada nas diferentes fases da lua que está atualmente em exibição no Dubai Mall. Conhecido por seu talento em pintura, escultura e fotografia, Bin Lahej criou a série "Reflexão da Lua" em puro aço inoxidável com cerca de 1200 letras árabes, mostrando as diferentes fases da lua durante o mês. A beleza do trabalho advém da caligrafia árabe da Surat Al Ikhlas, um dos capítulos do Alcorão, usado mais de 10 vezes nesta obra de arte.
Segundo o artista  "[essa série] pode ser descrita como uma explosão de caligrafia artística. Eu queria fazer algo muito especial e que encantasse as pessoas simplesmente ao ser vista de longe. Eu sempre tento fazer o melhor com ideias que tenham um significado específico e criar uma reação no espectador. A ideia por trás da 'Reflexão da Lua' pode ser associada a vida tipica de um muçulmano durante o Ramadan.  Os círculos enfatizam a lua e as letras em seu interior indicam o que a pessoa faz durante o Ramadan. No Ramadan, as pessoas sempre tentam purificar a si mesmas de quaisquer pecados lendo o Alcorão e então as diferentes fases da lua - mudando de minguante para cheia e depois para minguante de novo - indicam o movimento espiritual." 
Bin Lahej também pontuou a razão pela qual ele fez as primeiras fases da lua em prata e bronze e a última fase em ouro: “[porque] o ouro é o prêmio ou recompensa de Deus e isto marca o final do Ramadan e começo do Eid”.
O artista se tornou conhecido  internacionalmente por suas esculturas usando metal e também por muitas de suas pinturas. Ele diz:  "Eu nunca deixo nada atrapalhar o meu caminho. Eu trabalho comigo mesmo, sempre confiando em meus conhecimentos e com o tempo isto começou a ganhar atenção nos Emirados, e então houve uma grande explosão em minha vida artística. Eu comecei a conhecer que tipo de obra de arte eu quero fazer..."
Bin Lahej é dono de sua própria galeria, a Marsam Mattar, que fornece serviços artísticos e treina jovens talentos todo ano. Sobre esses projetos ele conclui: “A arte é algo como integrar todas as pessoas e não apenas alcançar um público específico. Meu objetivo é alcançar a todos e eu gosto que meu trabalho fale por ele mesmo".

Mattar Bin Lahej e sua obra. Imagem: The National
Imagem: The National
Imagem:  The Dubai Mall
Imagem:  The Dubai Mall
Imagem:  The Dubai Mall
Baseado em Gulf News

Parviz Tanavoli, "Nada"

Escultura em bronze com base em madeira criada pelo artista iraniano Parviz Tanavoli em 1972, com a caligrafia persa da palavra "Nada" (Hîch). Atualmente em exibição na exposição Iran Modern, em Nova York, que abrange a arte criada no Irã durante as três  décadas que antecedem a revolução de 1979. 

Imagem do site: Asia Society

Hossein Valamanesh

Hossein Valamesh  (imagem: News.com.au)
Hossein Valamanesh nasceu em Teerã no Irã (1949), onde se formou em artes-cênicas e pintura em miniatura. Emigrou para a Australia nos anos 70 onde atualmente vive na cidade de Adelaide, com sua esposa a ceramista Angela Valamanesh e seu filho, o cineasta Nassiem Valamanesh. Os trabalhos de Hossein Valamanesh se encontram em todas as  coleções de museus proeminentes da Austrália. 
Seu trabalho consiste na junção de instalações multi-mídia com escultura, vídeo, pintura e desenho. Algumas de suas  suas esculturas em bronze são feitas a partir da modelagem de galhos de seu próprio jardim criando elementos variados como citações famosas de poetas Sufi. Além de combinar natureza com cultura, ele homenageia estes poetas místicos, cujas ideias de efemeridade da existência influenciam seu trabalho. 

Isto também passará, 2012. Bronze 70cm
Não diga nada, 2004. Bronze, 55x44 cm
De onde eu vim?, 2013. Mapa s/ cartão  70x168 cm 
Aprendendo a ler (detalhe do díptico),  1995. Aquarela s/ papel, 185.5x 148.5 cm 
Alguma coisa do Nada, 2009. Papel, 79x79 cm
Sangue da Vida /7, 2012. Nanquim s/ papel (4 partes), 133x133 cm
Grande Amor / 2, 2008. Açafrão s/ papel (4 partes), 133x133 cm

Imagens do site: Rose Issa Art Projects

Caligrafia Árabe moderna sobre tela

Neste vídeo, um artista do Reino Unido executa uma basmala em estilo livre sobre uma tela, utilizando uma caneta especial recarregável  na cor preta que permite traços de várias espessuras e uma fluidez incrível. 


Salva Rasool: caligrafia árabe com toque indiano

Salva Rasool
A artista Salva Rasool é respeitada tanto por seus trabalhos em arte contemporânea quanto por sua obra original em caligrafia árabe com um toque indiano. Ela se formou na prestigiada Escola de Artes Sir JJ (Bombaim) em 1985 e segue com seu incansável trabalho experimental até hoje. Constantemente inovando e experimentando com uma infinidade de cores, estilos, texturas, técnicas e ferramentas customizadas, ela utiliza materiais não convencionais em suas pinturas como terracota, cerâmica, couro, metal, tecido, pérolas e muito mais. Atualmente, ela trabalha em conjunto com vários designers de interiores e jóias.






Imagens do site: DNA India

Hassan Massoudy, "Paz"

Compartilho aqui uma belíssima ilustração feita pelo artista iraquiano Hassan Massoudy.

 Hassan Massoudy, Paz, s.d. Imagem do blog iheartmyart

A Arte de Abd A. Masoud

Abd A. Masoud. Foto do Twitter
O trabalho do artista jordaniano de origem vienense Abd A. Masoud consiste em uma  reformulação da caligrafia árabe, combinada com ornamentos e símbolos, criando uma pintura não-figurativa. A fim de tornar essa forma de escrita mais atraente para o "espectador que não fala árabe", o artista deliberadamente evita os principais critérios tradicionais da caligrafia (fundo branco e letras pretas).
Masoud apresenta em cada uma de suas pinturas através dos diferentes estilos de escrita, novas formas e efeitos, com possibilidades inesgotáveis ​​de suas ferramentas artísticas. Uma outra marca registrada do artista é traçar uma leve forma de cruz de cor branca pálida no centro de cada tela. Com esse recurso ele tenta aludir a estrutura de uma janela, ou também a marcas de dobradura em um antigo documento, brincando com  elementos místicos e pérolas de sabedoria do passado. Todas as pinturas são assinadas com uma espécie de carimbo retangular, de cor vermelho escura, onde o artista escreve o seu nome em árabe da direita para a esquerda. O letreiro do carimbo aparece como uma imagem espelhada.
Masoud não renuncia a cor dourada, que é usada tradicionalmente na caligrafia árabe para embelezar e decorar. Ele usa o ouro muito discretamente para realçar as superfícies de certos objetos e dar-lhes uma aura especial.  Há mais de 1350 anos, o "ponto" desempenha uma função importante na caligrafia árabe e a ele é atribuído até um valor místico.Para o artista, o ponto sempre foi um elemento essencial em suas composições e  uma parte de seu trabalho. Através de uma cor contrastante, ele enfatiza a importância desse elemento.

O trabalho de Masoud, tem como principais referências antigos manuscritos árabes e mapas. Sem necessidade de se restringir à caligrafia tradicional o artista se sente livre para de recriar e reinterpretar esses documentos antigos e converter seus pensamentos para o resultado final na tela. O resultado é uma harmonia única através de sua combinação de cores, texturas, padrões, simbolismos e os vários  estilos caligráficos que são melhor apresentados através de seu lema inspirador: "caligrafia árabe com uma diferença". Uma forma de arte que tem o poder de unificar a diversidade linguística e convertê-la em uma linguagem pictórica universal.

De volta às origens, s.d